segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Coisa de outro mundo, parte II







O engraçado é que são índios de herança Maya, em uma igreja com santos católicos, sem padres (eles só vão lá para batizar as crianças, não rezam missa) e práticas de xamanismo. Algumas famílias passam horas ajoelhadas ou sentadas no chão da igreja, que não tem bancos, como eu já tinha dito. Todos os santos ficam nas laterais do templo, muito adornados com fitas coloridas e espelhos no pescoço. Dizem que é para que os filhos deles enxerguem sua verdadeira condição e reconheçam o quanto precisam dos santos. Dentro da igreja não se pode fotografar. É expressamente proibido e até os guias de viagens internacionais advertem para essa precaução. Os guardadores do templo (índios munidos de enormes cassetetes de madeira) tomam as máquinas e até batem nas pessoas que insistem, se for preciso. Eles não deixam fotografar porque acreditam que as fotos retiram os espíritos dos santos do lugar. Mas o que se vê lá dentro nunca subiu à mente dos homens e não se pode imaginar. Até que se veja. É um outro mundo, um mundo mágico, pobre, bonito, poético, de fervor, onde se mesclam rituais indígenas, com santos católicos, muita fé e estupefação dos visitantes. No dia em que visitamos a igreja, pegamos, por coincidência, uma festa para São Sebastião. Vimos várias bandas, mariachis e procissões de mulheres carregando flores para adornar os altares do santos, que são muitos, inúmeros. As bandas entram na igreja e tocam uma após a outra, enquanto as mulheres e os índios responsáveis pelo lugar, depositam os arranjos de flores no altar. Isso é o México.

2 comentários:

  1. Muito legal. Tudo isso é fé e independe de religião. E hoje aqui é dia de São Sebastião.
    Rita de Cássia

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  2. Há muitos anos, uma professora de Espanhol chamou a atenção de minha turma, na Fafi, sobre a morbidez, religiosa ou não, do caráter mexicano. Na ocasião me lembrei de um filme onde aparecia um grupo de mariachis cantando muito comovidos: "Cuando se muera mi prenda/ voy hacer una escalera/ para bajar a su tumba/ y besar su calavera..." Nada mais típico, não é? Deny

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